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Acredito no poder das palavras... Acredito também, que podemos mudar o mundo. Palavra por palavra.
Se algum dia parasse para contar todos os sonhos que povoam a minha mente, nunca mais falaria de outra coisa.
Pois sonho com um mundo assente nos pilares da liberdade, da beleza, da verdade e do amor, os quais regerão as relações entre os homens. Sonho com o dia em que a arte e a harmonia ditarão a norma, e a música se ouvirá em cada palavra que se diga.
Sonho com o dia em que os homens se chamarão de irmãos e presentearão estranhos com sorrisos, enquanto andam na rua. Com o dia em que as palavras de amor sairão da boca de apaixonados, sem medos ou complexos.
Sonho com o dia em que poderei dar qualquer coisa a alguém, sem esperar nada em troca.
Sonho com o dia em que as crianças voltarão a ser crianças e os seus gritos de alegria e a algazarra das suas brincadeiras possam ser ouvidas da minha janela.
Sonho com o dia em que os jovens voltarão a fazer amigos, em vez de adicioná-los, em que um abraço voltará a ser mais importante do que um comentário.
Sonho com o dia em que os povos falarão a mesma língua, e em que as pessoas serão mais importantes do que objectos.
Sonho com o dia em que a inteligência será mais valorizada do que o aspecto físico e em que a palavra dos homens voltará a ter valor.
Além de tudo, sonho com o dia em que a felicidade significará uma chávena de chocolate quente no Inverno ou simplesmente um beijo à chuva.
Mas não percam tempo com os meus sonhos, pois sou apenas uma idealista.
“You can say I’m a dreamer
But I’m not the only one.” – John Lennon
“…the world would be cold
Without dreamers…” - Scorpions
Perly Ramos
31/10/2011
Estavam os dois de mãos dadas. Andavam calmamente pela areia quente, enquanto as ondas refrescavam os seus pés, aliviando o calor. Mal falavam, mas o silêncio não era constrangedor, pelo contrário, sentiam-se ainda mais próximos.
E não tinham pressa. Estavam sós e o momento pertencia-lhes. Naquele instante eram senhores do mundo e soberanos dos céus. E o silêncio fê-los sorrir.
A fogueira que os aguardava completava o quadro do sol poente, num jogo de luzes inigualável e indescritível.
Sentados na areia, os braços em volta um do outro, pareciam uma criatura só, um único ser. E sentiam-se como tal. A brisa marítima deixou de ser fria.
As palavras suspiradas no silêncio perderam-se no som das ondas a rebentar na praia. E, com eles, a lágrima que ela não conteve, mas conseguiu esconder dele, por trás do seu sorriso.
A lua que nascia no horizonte iluminou o rosto dele. Um sorriso sem igual que a ela dirigia. A lua ficava cada vês mais alta, até que se escondeu atrás das montanhas a oeste. E foi o silêncio novamente.
Quando os olhos abriram-se, incomodados pelos primeiros raios de sol, ele sentiu-se incompleto. Olhando à sua volta, reconheceu as pegadas que se afastavam.
Engoliu em seco tentando reprimir as lágrimas que teimosamente vieram-lhe aos olhos. E correu até conseguir ver aquela silhueta esguia que se afastava no horizonte com o cabelo ao vento.
E foi então que percebeu.
Com um sorriso, deu meia volta e, ao caminhar em direcção à fogueira, agora apagada, foi assaltado pelas memórias mais felizes.
Um último olhar no caminho indicado pelas pegadas. Um adeus. Seguiu na direcção contrária, ainda sorrindo.
Não estavam destinados...
Perly Ramos
18/10/2011
Há, no mundo, esta força que emana
De ti para mim
E de mim para ti
E, assim, entre nós,
Flui.
E esta força
Intangível, invisível
Aproxima-me de ti
Para te afastar de mim.
O círculo da estrada fechou-se
Para te trazer a mim
Quando eu fugi de ti.
No vento, ouço
Palavras tuas que foram minhas
E palavras minhas
Que só não são tuas
Porque nunca as proferi.
Há no mundo esta força que emana
De ti para mim
E de mim para ti.
É que já nem sei
Se eu sou tu
Ou se tu és eu.
Perly Ramos
03/10/2011