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Acredito no poder das palavras... Acredito também, que podemos mudar o mundo. Palavra por palavra.
Estavam os dois de mãos dadas. Andavam calmamente pela areia quente, enquanto as ondas refrescavam os seus pés, aliviando o calor. Mal falavam, mas o silêncio não era constrangedor, pelo contrário, sentiam-se ainda mais próximos.
E não tinham pressa. Estavam sós e o momento pertencia-lhes. Naquele instante eram senhores do mundo e soberanos dos céus. E o silêncio fê-los sorrir.
A fogueira que os aguardava completava o quadro do sol poente, num jogo de luzes inigualável e indescritível.
Sentados na areia, os braços em volta um do outro, pareciam uma criatura só, um único ser. E sentiam-se como tal. A brisa marítima deixou de ser fria.
As palavras suspiradas no silêncio perderam-se no som das ondas a rebentar na praia. E, com eles, a lágrima que ela não conteve, mas conseguiu esconder dele, por trás do seu sorriso.
A lua que nascia no horizonte iluminou o rosto dele. Um sorriso sem igual que a ela dirigia. A lua ficava cada vês mais alta, até que se escondeu atrás das montanhas a oeste. E foi o silêncio novamente.
Quando os olhos abriram-se, incomodados pelos primeiros raios de sol, ele sentiu-se incompleto. Olhando à sua volta, reconheceu as pegadas que se afastavam.
Engoliu em seco tentando reprimir as lágrimas que teimosamente vieram-lhe aos olhos. E correu até conseguir ver aquela silhueta esguia que se afastava no horizonte com o cabelo ao vento.
E foi então que percebeu.
Com um sorriso, deu meia volta e, ao caminhar em direcção à fogueira, agora apagada, foi assaltado pelas memórias mais felizes.
Um último olhar no caminho indicado pelas pegadas. Um adeus. Seguiu na direcção contrária, ainda sorrindo.
Não estavam destinados...
Perly Ramos
18/10/2011